segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Povo Negro Vivo!



Falamos "povo negro vivo" Por que entendemos que a negritude não é uma característica individual Que várias pessoas compartilham na cor da pele, na textura do cabelo, no formato de lábios e narizes, no jeito de se vestir e se comportar culturalmente, no histórico de tratamento por parte dos poderes e das elites já há muitas gerações, etc.

Falamos "povo negro vivo" porque entendemos que as pessoas negras deste país são um povo ou, no mínimo, um conjunto de povos negros que foram sequestradas da África e trazidos para cá.

O comportamento europeu diante dessas pessoas não os tratava como indivíduos que mereciam, individualmente, sofrer a tortura do sequestro e da escravidão em outro continente. Desde o início, o comportamento europeu diante dos nossos ancestrais nos tratava como um povo. Foi enquanto povo que eles diminuíram o nosso valor para que, nos escravizando, pudessem criar condições para que seu capitalismo nascente pudesse acumular cada vez mais valor.

Falamos povo negro vivo porque a vida é um valor primordial e fundamental dos diversos povos negros que em África viviam antes desse sequestro, e de muitos dos que lá ainda vivem. Dizem que esses povos não tinham filosofias, mas se pesquisamos a fundo (ou mesmo com superficialidade) as histórias desses diversos povos, encontraremos diversas tradições filosóficas, e em todas elas há um elemento que se repete (posso falar com certeza das filosofias dos povos de tronco linguístico banto): essa ideia fundamental das filosofias africanas é a ideia de que a vida é um dom divino recebido por cada ser humano e que, portanto, louvar a divindade é viver a vida com o máximo possível de intensidade, dando valor a esse dom recebido e, se possível, imortalizando esse dom através das próximas gerações.

Falamos "povo negro vivo" porque os índices de mortalidade violenta do nosso país mostram que há um projeto, muito bem desenhado, para manter e aprofundar o assassinato de pessoas negras. É o assassinato coletivo de um povo, por isso chamamos de genocídio. Por mais que os poderes constituídos ainda tentem negar esse fato, o Estado brasileiro é genocida, e age para que o povo negro esteja cada vez mais morto.

Falamos "povo negro vivo "porque é trágico e humilhante que povos ancestralmente valorizadores da vida no seu mais profundo sentido tenham tido seus destinos impostos, pelos povos europeus, em direção à morte e ao genocídio. É preciso resgatar as condições de integridade da alma do povo negro, e isso só é possível com um profundo, consciente e coletivo combate ao projeto genocida em curso nesse país, nesse continente e nesse planeta.

Falamos "povo negro vivo" porque a nossa alma nos impõe essa luta porque a nossa ancestralidade nos exige coragem, bravura, tenacidade e rebeldia. Falamos "povo negro vivo" porque nosso compromisso é com a vida, nosso compromisso é com a negritude e nosso compromisso é com o povo. Convidamos todas e todos que também falam "povo negro vivo" para seguirem conosco nessa caminhada. Poder para o povo Preto!

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Respeita os Bolsominions!



Respeita os Bolsominions!

(Uma Polêmica Na Esquerda)

Quero fazer a defesa do respeito àquelas pessoas que de vez em quando são chamadas de “bolsominions”. Eu confesso que não gosto nem do termo “bolsominion”, mas achei que usar no título ajudaria a chamar vocês para conversa.

Quero trazer uma reflexão, porque concordo com a gravidade do fenômeno de ilusão das pessoas com o fascista mal-acabado Jair Bolsonaro, mas discordo das ofensas ao seu eleitorado. Os motivos são muitos e vou tentar apresentar neste texto.

Mas mesmo o esforço de dialogar com essa parcela fanática não é em vão: primeiro porque nós ajuda a treinar o diálogo com aquela parcela do povo que está sendo enganada, mas quer debater de forma respeitosa e saudável; segundo porque essa parcela que está sendo iludida, quando vê acontecerem os nosos conflitos com os fanáticos, nos vê como o lado que quer o diálogo.

O primeiro deles é o respeito. Devemos respeitar, isso é indispensável. Mas antes de falar disso eu quero lembrar a todo mundo que é um ERRO achar que todo mundo que pensa na possibilidade de votar nesse cara, ou mesmo quem tem voto definido nele, é igual. Pessoas diferentes sempre têm motivos diferentes para votar em um mesmo candidato, e nesse caso não é diferente. Há pessoas totalmente convencidas do seu discurso, de forma fanática e cega. Tem gente que discorda de algumas (ou várias) coisas, mas acha por algum motivo que é preciso fazer esse sacrifício, porque ele tem alguma qualidade que vai ajudar a arrumar o Brasil. Entre esses dois grupos há vários tons, vários graus. Não podemos ignorar isso.

Tem gente que é contra as ideias de Bolsonaro e acha que é uma boa ideia agredir e ofender qualquer pessoa que, mesmo que hipoteticamente, cogita votar num candidato com ideias tão asquerosos. Quem conhece a realidade da classe trabalhadora sabe que ela está acostumada a votar, em todas as eleições, em um pacote de candidatos com ideias nojentas. Algumas vezes tanto quanto o Bolsonaro, só que sem essa visibilidade toda. A grande verdade é que essas pessoas se sentem violentadas com as agressões genéricas a esse eleitorado. Quando alguém trata de forma grosseira ou arrogante quem bota fé no tal cara, está apenas reforçando a tese dos fanáticos por bolsonaro: de que a esquerda é que é ignorante, que não sabe conversar. Isso aproxima ainda mais o povo indeciso e enganado com as ideias dos fanáticos.

Esse raciocínio nos mostra o quanto é ruim culpar o povo pelas ideologias que lhe são impostas, porque essa moralização do povo acaba vindo junto com uma diminuição da culpa das elites dominantes.

Concordo que é muito difícil estabelecer contato com os fanáticos, ou seja, aqueles eleitores não querem diálogo nenhum, apenas defender as ideias de um determinado candidato e ofender que expressa opiniões diferentes. Por isso é fundamental que não façamos a mesma coisa, só que do lado oposto.

Mas mesmo o esforço de dialogar com essa parcela fanática não é em vão: primeiro porque nós ajuda a treinar o diálogo com aquela parcela do povo que está sendo enganada, mas quer debater de forma respeitosa e saudável; segundo porque essa parcela que está sendo iludida, quando vê acontecerem os nosos conflitos com os fanáticos, nos vê como o lado que quer o diálogo.

No final das contas é o respeito que é fundamental. É preciso respeitar os eleitores de bolsonaro, desde os fanáticos até os iludidos, por um motivo muito simples: é preciso respeitar TODO MUNDO! Nós somos o lado que respeita, independente de quem for. Não somos o lado que acha que "é preciso se dar ao respeito" pra receber respeito. O método dos fanáticos é o ataque violento, a política feita com o ódio. Precisamos praticar uma política que não se pareça com isso.

Nenhum fanatismo cabe. Às vezes somos atacados por pessoas fanáticas por Lula. Temos o direito de discordar do PT, de Lula e apontar seus erros. Somos acusados de forma mentirosa de golpistas, ou de não defender a democracia, por fanáticos por Lula e pelo PT. Não é porque criticamos Bolsonaro que somos a favor de Lula. Não é porque criticamos as ideias e práticas de Lula que somos a favor dos ataques que a democracia vem sofrendo. Se a sua onda é Lula, Bolsonaro ou o que for, é importante fazer política com educação, paciência, diálogo e respeito.

Nosso compromisso com a luta antigenocida não pode justificar a ação violenta ou rude com pessoas que votam em candidatos defensores do genocídio. Nosso foco deve ser em ajudar a pessoas a perceberem que estão oferecendo para elas ideias mentirosas e assassinas. Precisamos nos especializar nisso, e a nossa campanha “Terra & Raça: Viva a Rebeldia!” Zé Anezio Federal 5000 tem essa intenção. Por isso fazemos esse convite à esquerda socialista e a todas as pessoas que não querem que o fascismo cresça no Brasil: Respeita os Bolsominios, ou melhor, vamos ser diferentes deles!

beijinhos de maracujá!

Povo Negro Vivo!

Falamos "povo negro vivo" Por que entendemos que a negritude não é uma característica individual Que várias pessoas compartil...